sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Volume de transacções aumenta com regresso da confiança

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Cushman & Wakefield (C&W) anunciou que estão, finalmente a surgir alguns sinais de recuperação no mercado imobiliário europeu.

O volume de investimento subiu 53% do segundo para o terceiro trimestre, assistiu-se a um estabilização de yields, e até os níveis ocupacionais começam a mostrar alguns sinais de estabilização.

Os investidores estrangeiros aumentaram a sua actividade em 44%, contrastando com os 31% registados nos primeiros seis meses. Apesar de mais cautelosos, os investidores locais continuam activos, com um volume de transacções de 10,9 mil milhões de euros, mais 29% que no segundo trimestre, dando um contributo significativo na retoma da actividade em mercados como o da Alemanha e de França.

Luís Rocha Antunes, partner e director de investimento da Cushman & Wakefield em Portugal , afirma: «O mercado terá ainda que lidar com muitos problemas, mas com dois trimestres de crescimento e um aumento do nível de confiança, é notório um ponto de viragem. Com os prime yields a estabilizar a níveis atractivos, a maioria acredita que o momento actual é o ideal para agir apesar de o mercado ocupacional ainda não ter "batido no fundo". Existe falta de activos de qualidade, dificuldade de obtenção de financiamento bancário e alguns proprietários têm a vã esperança que os preços subam. Apesar de prevermos um final de trimestre com um volume de negócios na ordem dos 65 mil milhões de euros, estamos apreensivos quanto às previsões para o ano de 2010».

Na Europa, a média dos prime yields encontra-se nos 7,51%, tendo no terceiro trimestre estabilizado em 21 dos 31 países analisados. Em geral, caiu um ponto base no trimestre, devido à diminuição no Reino Unido, onde os yields registaram uma queda de 24 pontos base, atingindo os 6,73%. Na Europa Central e Oriental as médias estabilizaram, mas a performance varia, yields estáveis na Polónia, República Checa e na Rússia, mas a subir na Bulgária, Roménia e Hungria.

«Os investidores ainda continuam muito focados numa estreita faixa de imóveis prime. E a definição de prime é muito restrita», afirma Luís Rocha Antunes. «Os mercados ocidentais de maior dimensão e com maior liquidez lideram as transacções neste período, como o Reino Unido e França. Existe igualmente uma grande procura por parte de investidores domésticos no mercado alemão. Nos restantes, os investidores procuram boas oportunidades em mercados que registaram ou espera se venham a registar quedas consideráveis. Espanha teve um bom desempenho no trimestre, bem como os mercados core da Bélgica e da Holanda».

O sector de escritórios continua a ser o mais activo no mercado, com um volume de transacções de investimento de 10,6 mil milhões de euros. A actividade no sector industrial também cresceu enquanto o sector de retalho estabilizou, em especial devido à falta de projectos de qualidade e à dificuldade de obtenção de financiamento para investimentos de grande volume, como centros comerciais.

A procura é liderada por investidores privados ou fundos institucionais com liquidez que regressam, em número crescente, ao mercado. Fundos de investimento abertos e instituições alemãs continuam a ser os investidores internacionais mais destacados em muitos mercados, mas actualmente alguns fundos oportunistas estão a investir directamente e brevemente poderão regressar ao mercado vários REIT (Real Estate Investment Trust) europeus após as operações de aumento de capital verificadas no ano passado.

Previsões

Segundo Luís Rocha Antunes, «com mais compradores e menos vendedores, muitos investidores não vão conseguir comprar o que procuram, e prevê-se que alguns preços subam nos próximos meses, numa franja limitada do mercado. Em algumas áreas, a queda dos yields irá trazer mais activos para o mercado que irão suportar a recuperação do volume de transacções. Existe, sem dúvida, um sentimento que o investimento no imobiliário é apelativo numa óptica de rendimento e como aplicação de poupanças de longo prazo».

«As necessidades de refinanciamento serão mais problemáticas para o mercado do que novos financiamentos, e criarão, à medida que chegamos a 2010 e mais bancos decidem ?libertar? bens, boas oportunidades de negócio. Não prevemos um grande fluxo de activos, no entanto, e uma vez que os investidores poderão ter poucas opções, serão forçados a ajustar as suas expectativas ou a tomar decisões mais arriscadas para gerar mais rendimentos», de acordo com Luís Rocha Antunes.

Portugal

Portugal assiste a um ressurgir de alguma liquidez e do consequente aumento das intenções de investir por partes dos fundos abertos. Mas o produto de qualidade disponível é, ainda, muito escasso. A alternativa é a de tomar risco controlado para criar esse produto, e ser devidamente remunerado por essa tomada de risco.

«Portugal tem um mercado pequeno, periférico, e que sofre de uma lei do arrendamento muito recente, que vai levar alguns anos a ser devidamente implementada, e de uma recente legislação do IVA no imobiliário com uma desastrosa e infeliz influência na confiança dos investidores na competitividade e transparência do mercado português», conclui Luís Rocha Antunes.

In: Imocaixa

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